Maria Montessori

Maria Montessori, a mente genial por trás de um dos métodos de ensino mais conhecidos no mundo, era uma mulher que não aceitava injustiças. Aos 28 anos, ela se horrorizou ao ver como crianças eram tratadas em hospícios e reformatórios em Roma: praticamente jogadas de lado, vestidas com trapos, sem qualquer cuidado. Eram chamadas de “idiotas” e "retardadas", vistas como incuráveis, e jogadas à própria sorte. Para Maria, aquilo era inadmissível.

Foi a partir desse choque que ela decidiu transformar a educação. O que ela criou? Um método baseado no respeito e na confiança nas crianças. Nada de punições ou recompensas. A ideia era simples: deixar as crianças livres para aprenderem em seu próprio ritmo, em ambientes feitos para elas, com móveis do seu tamanho e atividades que estimulassem sua curiosidade. Basicamente, Maria Montessori acreditava que, com o ambiente certo, as crianças se autoeducariam.

O método revolucionário dela ganhou o mundo e, hoje, é aplicado em cerca de 65 mil escolas. Só tem um detalhe: essas escolas, que começaram para ajudar os mais pobres, agora são acessíveis principalmente para os mais ricos. Ironia do destino? Sim, e talvez por isso a história de Montessori seja tão cheia de contradições.

Um exemplo disso é que Jeff Bezos, criador da Amazon, e os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, todos estudaram em escolas Montessori. Mas a ideia original era atender os menos favorecidos, não futuros multimilionários.

A vida pessoal de Montessori também não foi nada convencional. Ela teve um filho fora do casamento com um colega médico, Giuseppe Montesano. Naquela época, isso era praticamente um escândalo, então ela decidiu entregar o bebê para ser criado por outra família. Só foi se reaproximar do filho quando ele já tinha 15 anos e, mesmo assim, o apresentava como seu sobrinho em público.

Outro ponto polêmico de sua vida foi sua colaboração com Benito Mussolini. Por um tempo, Montessori trabalhou com o regime fascista de Mussolini, que queria transformar as escolas italianas em fábricas de jovens obedientes. A parceria durou uma década, mas ela acabou rompendo quando percebeu que suas ideias de liberdade e respeito pelas crianças não se encaixavam com a ditadura. Esse envolvimento com o fascismo provavelmente a impediu de ganhar o Prêmio Nobel da Paz, mesmo tendo sido indicada três vezes.

Montessori, no fim das contas, foi uma mulher à frente de seu tempo. Ela acreditava no poder das crianças e fez de sua missão mostrar ao mundo que, com o apoio certo, elas são capazes de coisas incríveis.

A mitologia dos Corvos


O corvo sempre foi visto como um símbolo poderoso de magia e mistério, presente em diversas culturas ao longo da história. Em muitas tradições, ele é reconhecido como o portador da magia, seja ela boa ou ruim. Culturas indígenas norte-americanas, por exemplo, honram o corvo como um mensageiro do "Grande Mistério", um conceito que remete ao vazio que existia antes de todas as coisas. O corvo é visto como aquele que guia os corajosos a explorar as profundezas desse vazio, onde tudo ainda está por se formar. 
Na simbologia nativa, sua cor preta não está associada ao mal, como em algumas culturas ocidentais, mas sim à busca pelo conhecimento e às dimensões espirituais. O corvo é frequentemente visto em cerimônias sagradas, sendo o responsável por conduzir a energia das cerimônias mágicas e interligar as mentes dos participantes com aqueles que precisam de cura. Ele é um curador à distância, sempre presente nas Rodas de Cura. 
Além disso, o corvo é símbolo de transformação e mudanças de consciência, representando uma jornada ao desconhecido. Sua cor é associada ao buraco negro do espaço, que absorve todas as energias criadoras. Quando o corvo aparece em sua vida, pode ser um sinal de que você está prestes a explorar novas dimensões da existência e vislumbrar a magia que permeia o universo. 
Nas mitologias europeias, o corvo também ocupa um papel central. Entre os celtas, germanos e siberianos, ele é visto como um ser cósmico, um grande civilizador e criador do mundo visível. Um mito grego, registrado por Pausânias, conta que o corvo era originalmente uma ave branca, mas foi transformado em preto por Apolo como punição por não vigiar sua amante Coronis, que o traiu. De forma semelhante, na mitologia indígena da América do Norte, Yetl, o herói civilizador, se transformou em corvo para roubar água dos deuses para seu povo, mas foi castigado com a mudança de cor, do branco para o preto. 
Além disso, o corvo tem uma forte ligação com a água. Mesmo habitando regiões secas, ele é associado a tempestades, pois é capaz de prever a chegada de chuvas fortes. Seu comportamento diante de mudanças climáticas fez com que muitas culturas o vissem como um bom presságio para previsões meteorológicas. 
O corvo também é conhecido por seu papel de mensageiro divino. Na mitologia nórdica, Odin, o deus supremo, possuía dois corvos, Huginn (pensamento) e Muninn (memória), que sobrevoavam o mundo e retornavam para lhe contar tudo o que viram. Em mitologias orientais, o corvo de três patas era símbolo do sol, com suas três pernas representando o ciclo solar: o nascer, o zênite e o pôr do sol. 
No entanto, na Europa cristã, o corvo adquiriu uma conotação mais sombria. Por sua cor negra e voz rouca, foi associado a maus espíritos e à morte. Shakespeare, por exemplo, frequentemente o mencionava como um pássaro de mau agouro. Havia a crença de que o crocitar de corvos sobre uma casa era sinal de morte iminente. Isso pode estar relacionado ao fato de que corvos, atraídos pela carniça, indicavam a presença de cadáveres para os caçadores. 
Apesar dessa visão negativa, o corvo nunca perdeu seu simbolismo místico. Ele sempre foi associado ao poder de prever o futuro e à clarividência. A crença de que comer o coração de um corvo poderia conceder poderes proféticos ou melhorar a visão é um exemplo disso. Em algumas ilhas britânicas, a expressão "conhecimento de corvo" ainda é usada para descrever pessoas com grande percepção e sabedoria. 
No campo da medicina popular, o corvo também possui um papel importante. Antigos textos mencionam o uso de ovos de corvo em poções para restaurar a juventude ou até para escurecer cabelos grisalhos, embora houvesse o cuidado de manter a boca cheia de óleo para evitar que os dentes ficassem permanentemente pretos. 
Com o surgimento da alquimia, o corvo recuperou alguns de seus significados mais antigos. Ele passou a representar o "nigredo", o estado inicial da matéria na transmutação alquímica, simbolizando a solidão e o isolamento daqueles que buscavam conhecimento além do comum. 
O corvo, em toda a sua complexidade, continua a ser um dos símbolos mais fascinantes da mitologia, associado ao mistério, à transformação, ao conhecimento profundo e à magia que ultrapassa a compreensão racional.

Timidez


Todo mundo, em algum momento, já se deparou com a timidez. Seja na hora de iniciar um relacionamento, enfrentar uma apresentação no trabalho, ou mesmo lidar com pequenas situações do dia a dia. E adivinha? Cerca de 50% das pessoas se consideram tímidas, e entre 75% e 95% de nós já sentiu isso em algum momento da vida.

A timidez não é uma doença, e sim uma característica da personalidade. Ela pode surgir em situações específicas, como flertar ou falar em público, ou ser algo mais constante. O tímido quer se conectar, mas sente um bloqueio ao interagir com os outros. É diferente da introversão, em que a pessoa escolhe ficar sozinha por preferir a própria companhia.

Embora não seja fácil, a timidez teve um papel evolutivo importante: a cautela diante de situações de risco ajudou nossos ancestrais a sobreviver. Hoje, enfrentamos chefes difíceis ou paqueras desafiadoras, mas o instinto permanece.

E se a timidez começar a atrapalhar sua vida? Talvez seja a hora de procurar ajuda. Psicólogos estão aí para ajudar a entender e superar esse bloqueio, permitindo que você se sinta mais confiante e confortável socialmente.

No fim das contas, a timidez é parte de quem somos, mas não precisa nos definir ou limitar.

Batatas Peruanas: Um Mundo de Cores, Sabores e Curiosidades!

Imagine-se caminhando por uma feira vibrante nas montanhas do Peru, com barracas repletas de batatas de todos os tipos que você jamais imaginou. Ali, no coração dos Andes, estão nada menos que 3.532 variedades de batatas – isso mesmo, de um total de cerca de 5 mil em todo o mundo! O Peru é o verdadeiro lar da batata, um lugar onde esse tubérculo é celebrado com orgulho.

Na cozinha andina, as batatas brilham. Seja num prato tradicional ou numa receita moderna, elas são protagonistas. Originárias dos Andes – mais precisamente do Peru e do noroeste da Bolívia – as batatas foram domesticadas pelos povos indígenas há mais de 10 mil anos! E, acredite se quiser, até hoje surgem novas variedades.

Essas batatas são uma verdadeira explosão de cores e sabores. Há vermelhas, azuis, amarelas, rosadas – e, quando você corta algumas, aparecem tons bicolores incríveis. A textura também varia: se você deixá-las ao sol antes de cozinhar, elas ficam ainda mais macias e deliciosas. Algumas variedades têm formas curiosas, parecendo patas de onça, focinhos de alpaca, ou até gatinhos!

E não pense que a batata é só uma curiosidade. Lá no Peru, ela é tão amada que mais de 700 mil agricultores se dedicam a cultivá-la em toda a Cordilheira dos Andes. Para quem gosta de comida cheia de história e tradição, as batatas peruanas são uma joia que vale a pena conhecer.

Oração ao Cadáver Desconhecido



"Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente."

Karl Rokitansky (1876)
Ao cadáver, respeito e agradecimento

Lendas urbanas - Palácio da Liberdade em Minas Gerais.


O Palácio da Liberdade era onde o Governador de Minas Gerais trabalhava antes da construção do Edifício Tiradentes na cidade administrativa.

No terreno que hoje é ocupado pelo palácio havia um casebre onde vivia uma velha feiticeira. Por motivo da obra, o terreno que a velha ocupava deveria ser desapropriado e seu casebre, demolido. A velha recusou-se, terminantemente, a abandonar sua morada. Fincou seus pés no chão e esbravejou que só sairia de lá pela força dos soldados. E assim foi feito. Com sangue nos olhos, a velha papuda jogou uma praga que ecoou por toda a praça: 

"Quando isto for sede do Governo, de quatro em quatro anos há de morrer um Governador". 

Será que os próximos governadores que ocupassem o palácio poderiam deitar suas cabeças em seus travesseiros e dormir tranquilos? Você dormiria? 

Na verdade, não seria nada recomendável. 

Como a própria história se encarregou de mostrar, a morte bateu à porta do palácio. 

A primeira delas foi a de Silviano Brandão, em 1902. 

A segunda, também no Palácio da Liberdade, foi a de João Pinheiro que morreu em 1908. 

Coincidência ou não, morreram o segundo e o quarto presidentes do Estado a ocuparem o palácio. 

Não é à toa que nenhum governador mora no palácio. Quem se arriscaria?