Diferente de qualquer expectativa, a história retoma Arthur preso no Asilo Arkham, onde conhece Harley Quinzel — ou Lee, como ela é chamada —, outra paciente com um passado conturbado e admiradora do Coringa. Este encontro culmina em um romance perigoso, onde Arthur, prestes a enfrentar seu julgamento, precisa decidir seu destino. Há cenas emblemáticas, como a presença de Harvey Dent, que fazem acenos aos fãs dos quadrinhos, mas a narrativa se torna um exercício de estilo que, para muitos, não entrega o que prometeu.
Para um filme que se sustentava pelo realismo brutal no original, Delírio a Dois se destaca mais pelo surrealismo, com Arthur navegando entre a escuridão e o colorido das músicas. Em vez de abraçar totalmente o estilo musical, o filme oscila entre o sombrio e o lúdico, o que acaba por fragmentar a narrativa. Apesar das músicas, a falta de números marcantes que se fixem na memória é sentida, e a trama perde o impacto social tão explorado no primeiro filme.
Arlequina é retratada com uma postura mais manipuladora e centrada em Fleck, em um retrocesso ao desenvolvimento independente que Arlequina alcançou em outros meios. Lee manipula Arthur e reforça a ideia de sua “ingenuidade”, mas a química entre Gaga e Phoenix, esperada como um dos pilares, acaba sendo rasa, passando uma impressão de relação forçada.
A proposta de discutir as consequências dos atos do protagonista se dilui em ilusões e fantasias, ofuscando a crítica social incisiva que fez do primeiro Coringa um fenômeno. Todd Phillips até se dedica a tratar das falhas institucionais, mas o caos e a violência ganham mais destaque, deixando a mensagem crua do primeiro filme em segundo plano.
Em resumo, Coringa: Delírio a Dois deixou a maioria do público se perguntando: será que essa sequência era realmente necessária?
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