Motos...

Vi esse texto num outro blog e me identifiquei muito com o relato e resolvi postá-lo aqui:

Barulho alto de motor é uma coisa que realmente me tira do sério.
Aqueles contínuos e muitas vezes inevitáveis, como por exemplo tratores e britadeiras numa obra são terríveis, claro, mas me aterrorizam ainda mais aqueles que acontecem de repente, num volume crescente e invasor. A obra um dia passa e os outros barulhos fazem isso ser um problema. Eles passam. Em alguns lugares passam muitas vezes. E passam muitos.
São aquelas pessoinhas lindas de Deus, que adoram passar acelerando suas motos potentes fazendo barulho suficiente para deixar alguém surdo por alguns instantes. São barulhos evitáveis, na maioria das vezes ampliados por alterações feitas nos escapamentos ou motores para criar mais desarmonia no maior raio de alcance possível.Você pode estar na sua casa; no seu trabalho; tomando água de coco num parque; ou saboreando uma cerveja numa simpática mesinha de bar ao ar livre; ou dentro do túnel Ayrton Senna, que tal? Caminho para a bem frequentada região da Vila Olímpia com 1 km de concha acústica dedicado a amplicar ruídos. E debaixo da terra!É uma sensação que pega no tímpano, passa pelo pescoço, saltando as veias e chega até os rins, numa pontada só. Daí para se espalhar por todos os nervos e chegar ao cérebro como um trio elétrico de Sindicato em dia de greve é questão de uma fração de segundo.
Qual a finalidade desse tipo de atitude? Avisar que chegou? Chamar fêmeas de cérebros inférteis para o acasalamento? Provocar medo? Compensar certas impotências com os cavalos de potência do motor? Pedir atenção desesperadamente? Freud explica?
Como alguém pode achar legal a sensação de ficar sentado em cima de uma fonte de caos sonoro? Deve ser por isso que muitos andam em bando, o que potencializa o horror auditivo. Com as mesmas caras, as mesmas poses e os mesmos trejeitos, eles aceleram em conjunto trazendo no esquema "delivery" um pouquinho do Apocalipse para dentro de nossas caixas cranianas.
Eu me pergunto: eles não escutam? Claro que escutam. E gostam. E como ouvem o tempo todo, se acostumam. Já diria Faustão, são "concertos para a juventude". E cada juventude ouve o show que merece. Nesse caso, seria melhor um conserto dos escapamentos furados para a humanidade.
Comportamentos invasivos pra cá... respostas primitivas à altura pra lá... eu sempre tive uma vontade simbólica de fazer algo parecido com isso nesses momentos:



Não apóio a violência. De maneira nenhuma, é só no sentido figurado. Mas a expressão de satisfação da moça reflete bem a delícia que é voltar a ouvir os passarinhos depois de tão singela solução.
Um arpão deve proporcionar um resultado satisfatório também.



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