Cavalo paraguaio

Nas competições de turfe é grande o alvoroço em torno dos possíveis campeões de um páreo. O interesse não é nenhum pouco gratuito. Afinal de contas, vários apostadores investem rios de dinheiro em uma arriscada ação que pode significar a ruína ou o triunfo do jogador. Não por acaso, se gastam horas estudando o currículo dos cavaleiros e a procedência dos cavalos que participam do torneio. Seria essa uma forma menos desajuizada de calcular a própria sorte. No dia 6 de agosto de 1933, o Hipódromo Brasileiro, situado no Rio de Janeiro, estava em alvoroço por conta da realização do primeiro Grande Prêmio Brasil. A pompa da ocasião e a recompensa oferecida atraíram a inscrição de vários competidores nacionais e estrangeiros. Em pouco tempo, a fama de competidores prestigiados inflacionaram os valores nas casas de apostas. A expectativa era enorme. No fim, contrariando todas as expectativas, “Mossoró”, um cavalo pernambucano de descendência paraguaia, acabou vencendo a prova e arruinando o prognóstico dos mais experientes apostadores. Com o passar do tempo, o inesperado arranque do “cavalo paraguaio” foi notícia nos jornais da época. Paulatinamente, a expressão passou a incorporar o vocabulário futebolístico nacional. Toda vez que um time inesperadamente conquistava vitórias, os cronistas esportivos anunciavam a presença de um “cavalo paraguaio”. Nesse caso, espera-se do time chamado de “cavalo paraguaio” uma queda de rendimento ao final da competição. Dessa forma, acabam frustrando os seus torcedores e deixando que times de maior regularidade encabecem o campeonato. Além do evento em questão, devemos também destacar que o sentido depreciativo de “cavalo paraguaio” tem a ver com uma velha relação de desconfiança que temos para com nosso vizinho sul americano. Desde o século XIX, era comum ouvir dizer que os produtos originários do Paraguai não possuíam boa qualidade. Ainda hoje, muitos consumidores torcem o nariz para aqueles eletroeletrônicos “vistosos” que atravessam diariamente a Ponte da Amizade.


Por Rainer Sousa Graduado em História

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