As maiores descobertas da medicina

por Dante Grecco

Hoje, a prática da medicina está tão segmentada que cada médico poderia citar bem mais de dez descobertas que revolucionaram apenas a sua especialidade. Por isso, para montar essa lista da saúde, resolvemos nos basear no livro As Dez Maiores Descobertas da Medicina, de 1999. A obra foi escrita por dois experientes médicos e professores americanos, Meyer Friedman e Gerald W. Friedland. De uma lista inicial de cem grandes feitos, os autores selecionaram os dez finais, que você conhece no quadro ao lado. Para garantir uma eleição democrática, escolhemos dois representantes brasileiros para confirmar o diagnóstico do livro: Ulysses Garzella Meneghelli, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina, e Jair Xavier Guimarães, professor aposentado e médico infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Eles concordaram plenamente com a lista. Claro que ficaram de fora várias descobertas importantes - inclusive dois hormônios ganhadores do Prêmio Nobel: a insulina, que tem um papel essencial no metabolismo do açúcar, e a cortisona, importante antiinflamatório presente em vários remédios. O que torna as descobertas eleitas tão especiais é que elas revolucionaram o conhecimento do corpo humano, das doenças e seus tratamentos. Além de salvar milhões de pessoas, essas descobertas aumentaram a qualidade e a expectativa de vida em todo o mundo. Não bastasse, ainda abriram horizontes para novos estudos. O incrível é que nenhum dos dez cientistas campeões era um gênio, como Einstein. Todos tinham "apenas" muito talento e uma enorme capacidade para investigar aquilo que lhes aguçava a curiosidade.

Sangue, suor e... talento
Lista de proezas começa no século 16 e vai até a descoberta do DNA, em 1953


ANATOMIA MODERNA - DATA - 1543

QUEM - Andreas Vesalius (1514-1564)

COMO - Antes do belga Vesalius, médicos não dissecavam cadáveres. Disputando ossos humanos com cães em cemitérios, ele abria cadáveres à faca e se empapava de sangue em nome da ciência. Arriscava a vida ao mexer em órgãos infectados e podres. O resultado dessas aventuras está em De Humani Corporis Fabrica, Libri Septem, um livro de anatomia com desenhos hiper-realistas considerado uma das obras-primas da medicina.

CONSEQÜÊNCIA - Avanços no estudo de doenças e tratamentos

BACTÉRIAS - DATA - 1675

QUEM - Antony van Leeuwenhoek (1632-1723)

COMO - Ele não era professor nem médico, apenas um comerciante letrado com um "hobby" curioso: fabricar e usar microscópios. O holandês Leeuwenhoek saiu do anonimato quando descobriu, com suas poderosas lentes, criaturas minúsculas agitando-se em uma pequena amostra da água de chuva que havia se acumulado em uma tina. Por acaso, ele acabara de descobrir as bactérias. Daí em diante, passou a examinar ao microscópio tudo o que via, de cocô de pombo ao próprio esperma.

CONSEQÜÊNCIA - Descoberta de uma das maiores causas de doenças e mortes

CIRCULAÇÃO DO SANGUE - DATA - 1628

QUEM - William Harvey (1578-1647)

COMO - Para mostrar o caminho do sangue aos incrédulos, Harvey abria um porco vivo durante suas palestras. Esse médico britânico dedicou a vida a estudar o funcionamento e a anatomia do coração, veias e artérias. O resultado está em Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus, obra fundamental sobre a circulação sanguínea, que pôs por terra conceitos errados que sobreviviam havia 14 séculos.

CONSEQÜÊNCIA - Avanços no estudo de doenças e técnicas cirúrgicas

VACINA - DATA - 1796

QUEM - Edward Jenner (1749-1823)

COMO - Durante muito tempo se lutou contra a varíola. A doença matava até 40% dos doentes e, entre aqueles que sobreviviam, muitos ficavam cegos e desfigurados. O mal também atacava o gado, cavalos e porcos. O britânico Jenner descobriu que, se uma pessoa fosse contaminada pela ferida da varíola bovina, uma forma muito mais branda da doença, ficaria livre de pegar a varíola humana. Estava descoberto o princípio da vacina.

CONSEQÜÊNCIA - Prevenção contra varíola e outras doenças graves

ANESTESIA - DATA - 1842

QUEM - Crawford Long (1815-1878)

COMO - Até o século 19, os pacientes costumavam desmaiar de dor e desespero durante as operações. Foi quando se descobriu o poder anestésico do éter. O primeiro a testar a teoria na mesa de cirurgia foi o americano Long, que convenceu um paciente a cheirar uma toalha embebida em éter até ficar inconsciente. Quando acordou, o sujeito estava sem um cisto no pescoço, sem memória das últimas horas e, melhor, não precisou sentir as dores atrozes da cirurgia.

CONSEQÜÊNCIA - Cirurgias indolores e mais bem-sucedidas

RAIOS X - DATA - 1895

QUEM - Wilhelm Röntgen (1845-1923)

COMO - O alemão Röntgen investigava uma estranha luz amarelo-esverdeada emitida por um aparelho em seu laboratório. Fez vários testes e, desconfiado, chamou a esposa, Bertha, para comprovar seu palpite. Pediu a ela que colocasse a mão esquerda sobre uma chapa fotográfica e ligou o tal aparelho por seis minutos. Quando revelou a chapa, encontrou o desenho dos ossos dos dedos de Bertha e a silhueta de sua aliança. Eram os raios X.

CONSEQÜÊNCIA - Método para diagnósticos mais rápidos e precisos

CULTURA DE TECIDOS - DATA - 1906

QUEM - Ross Harrison (1870-1959)

COMO - O zoologista americano Harrison descobriu como cultivar células vivas em laboratório, independentemente das plantas ou animais de onde vieram. A descoberta permitiu estudar moléculas e células de organismos vivos, desenvolver vacinas contra poliomielite, sarampo, caxumba e raiva, auxiliar na busca de indícios que ajudem a descobrir a causa do câncer e da aids.

CONSEQÜÊNCIA - Revolução no estudo das doenças

COLESTEROL - DATA - 1912
QUEM - Nikolai Anichkov (1885-1964)

COMO - O russo Anichkov alimentou coelhos com gemas de ovos e descobriu que o animal que mais mata seres humanos no mundo é... a galinha. Durante a autópsia, Anichkov notou a presença de placas nas artérias dos coelhinhos, iguais às encontradas nas aortas de corações humanos. Com essa observação, apontou para a medicina o perigo do consumo de colesterol e as doenças provocadas por esse tipo de gordura, como a arteriosclerose.

CONSEQÜÊNCIA - Novos rumos para o estudo das doenças cardíacas

ANTIBIÓTICOS - DATA - 1929

QUEM - Alexander Fleming (1881-1955)

COMO - O médico e bacteriologista escocês Fleming descobriu, em 1929, a fórmula da penicilina, o primeiro antibiótico do mundo. Mas foram necessários mais de 12 anos para que se chegasse à etapa de ministrar a nova fórmula em humanos, o que ocorreu somente durante a Segunda Guerra Mundial. Base dos antibióticos, a penicilina revolucionou a medicina e deu impulso decisivo à moderna indústria farmacêutica.

CONSEQÜÊNCIA - A melhor arma contra bactérias

DNA - DATA - 1953
QUEM - Maurice Wilkins (1916-2004)

COMO - A maior parte dos méritos pela descoberta do DNA coube a James Watson e Francis Crick. A dupla de cientistas publicou, em 1953, um artigo em que desvendavam o mistério da estrutura de espiral dupla que caracteriza a "chave da vida". No entanto, a façanha não seria possível sem os estudos do físico neozelandês Wilkins, o primeiro a isolar uma molécula de DNA e fotografá-la com raios X, revelando a forma helicoidal.

CONSEQÜÊNCIA - Revolução na biologia molecular

Comentários

  1. nao gostei desse lixão fãns

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  2. Hoje, a prática da medicina está tão segmentada que cada médico poderia citar bem mais de dez descobertas que revolucionaram apenas a sua especialidade. Por isso, para montar essa lista da saúde, resolvemos nos basear no livro As Dez Maiores Descobertas da Medicina, de 1999. A obra foi escrita por dois experientes médicos e professores americanos, Meyer Friedman e Gerald W. Friedland. De uma lista inicial de cem grandes feitos, os autores selecionaram os dez finais, que você conhece no quadro ao lado. Para garantir uma eleição democrática, escolhemos dois representantes brasileiros para confirmar o diagnóstico do livro: Ulysses Garzella Meneghelli, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina, e Jair Xavier Guimarães, professor aposentado e médico infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Eles concordaram plenamente com a lista. Claro que ficaram de fora várias descobertas importantes - inclusive dois hormônios ganhadores do Prêmio Nobel: a insulina, que tem um papel essencial no metabolismo do açúcar, e a cortisona, importante antiinflamatório presente em vários remédios. O que torna as descobertas eleitas tão especiais é que elas revolucionaram o conhecimento do corpo humano, das doenças e seus tratamentos. Além de salvar milhões de pessoas, essas descobertas aumentaram a qualidade e a expectativa de vida em todo o mundo. Não bastasse, ainda abriram horizontes para novos estudos. O incrível é que nenhum dos dez cientistas campeões era um gênio, como Einstein. Todos tinham "apenas" muito talento e uma enorme capacidade para investigar aquilo que lhes aguçava a curiosidade.

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